Sempre gostei de ventos, seu barulho, sua melodia. Talvez seja porque moro num morro de ventos e já os ouvia antes de nascer.
E as tardes geladas de vento minuano então, trazem lembranças de montanhas geladas que eu não ousaria conhecer, este sim, faz as últimas folhas do outono caírem desnudando meu plátano e fazendo meus ciprestes se curvarem até quase o chão. Nós que precisamos enfrentá-lo nos agarramos a ponchos, gorros e cachecóis e o pelo de Duas Meias se movimenta ao passar de seu zunido e ela olha com o focinho gelado interrogativamente.
A partir da primavera, quando o dia já está ao meio, surge o vento sudeste, ele por vezes impaciente, me faz fechar portas, recostar janelas, por outras vezes refresca a me traz recordações do mar ao longe, bastante longe, quem sabe de terras além mar, as vezes o invejo pela facilidade com que viaja e pode conhecer outras gentes, costumes e lugares.
E as brisas leves, ocasionais e sorrateiras do verão... Eu as anseio quando estou com meu livro, sentada sob as frondosas figueiras do meu jardim com Duas Meias ao meu lado e por vezes elas fazem com que nós duas cochilemos.
O vento sempre foi algo especial para mim. É como se cada um sussurrasse segredos de longe.
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